Publicado em: 24/03/2017 Atualizado em: 24/04/2017 Por: Isadora Santana
O evento foi aberto ao público e ofereceu aferição de pressão arterial, dicas nutricionais, cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC), medição da glicemia dentre outros serviços de saúde
A Unidade de Nefrologia do Hospital São João de Deus promoveu uma ação social relacionada ao Dia Mundial do Rim, comemorado no último dia 09 de março. A atividade foi realizada nesta sexta-feira (24) no estacionamento da Instituição. Neste ano a campanha trouxe como tema “Doença Renal e Obesidade”. O evento foi aberto ao público e ofereceu aferição de pressão arterial, dicas nutricionais, cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC), medição da glicemia, incentivo à prática de esportes e orientações sobre os cuidados necessários com os rins.
De acordo com o Dr. Sérgio Wyton, médico nefrologista do HSJD, a data em comemoração ao Dia Mundial do Rim foi criada pela Sociedade Internacional de Nefrologia para alertar a população sobre as causas das doenças renais e orientar acerca dos cuidados necessários. “A razão da criação dessa data, é porque infelizmente uma parte significante das pessoas apresentam problemas renais, mas não tem consciência do fato. Elas possuem uma doença que vai evoluindo de forma progressiva e quando se dão conta o problema já está muito avançado. Por isso a data foi criada, para que a população leiga seja informada sobre as causas e os cuidados que precisam ter para evitar que desenvolvam qualquer doença renal”.
O médico explica ainda que hoje há uma epidemia mundial de obesidade e metade da população tem sobrepeso, um dos motivos para o alerta pois “propicia o surgimento de uma série de problemas de saúde, dentre eles a diabetes, que além de lesar o rim provoca também a insuficiência renal. Então a obesidade é um fator importante a ser lembrado nesta data”, finaliza.
Anderson Antunes Teixeira, balconista, chegou ao hospital para uma consulta médica e aproveitou para passar por uma avaliação durante o evento. “Eu recebi um panfleto com informações sobre a data e dicas de saúde. Aproveitei para passar pela avaliação, medir minha pressão e fiquei sabendo que não corro risco de ter uma doença renal. Adorei a iniciativa que alerta para doenças que muitas vezes não são nem conhecidas, como as renais”, afirma.
As pessoas que passaram pelo evento responderam a um questionário para levantar dados quanto à saúde, se possuíam hipertensão ou diabetes, por exemplo, doenças crônicas que desencadeiam problemas renais. Em seguida elas passaram pela aferição da pressão, mediram o peso e estatura para cálculo do IMC. Receberam orientações quanto ao estilo de vida e hábitos diários com recomendações de atividades físicas.
Alice Angélica de Faria Silva, aposentada, esteve no hospital para realizar um exame e também aproveitou para passar pelas tendas do evento. “Eu já tinha um conhecimento sobre doenças que atingem os rins, mas entendi melhor sobre o assunto depois que recebi as orientações durante o evento”.
Os sintomas costumam aparecer quando a doença já está em fases avançadas, e os mais comuns são a falta de ar, inchaços e sangue na urina. Por isso a importância de realizar exames, como de glicose e de alguns marcadores dos problemas renais, como a creatinina e também de urina simples, tudo para que o diagnóstico seja precoce.
O evento foi realizado pela Unidade de Nefrologia do HSJD e contou com as parcerias do setor de Mobilização de Recursos, Copasa, a Liga de Nefrologia da Universidade Federal de São João Del Rei e Academia Estação do Corpo.
Unidade de Nefrologia
A unidade de Nefrologia do Hospital São João de Deus foi a primeira a ser criada na macrorregião de Divinópolis, há 27 anos. Ela oferece praticamente todas as modalidades de tratamento e diagnóstico das doenças renais da região. “Depois dela, inúmeras outras foram criadas, mas a nossa unidade é a maior e a única que apresenta residência médica, que tem estrutura de atendimento ambulatorial para o paciente carente. É uma unidade completa de terapia renal substitutiva”, conta o Dr. Sérgio Wyton.
Resultados da Campanha
A ação contou com a presença de 234 pessoas, sendo 32,00% colaboradores da Instituição e 67,95% visitantes. Dos colaboradores participantes, 23,70% eram do sexo masculino e 76,30% do sexo feminino. A grande maioria (96,10%) responderam não possuir diabetes. Quanto à hipertensão, 85,50% disseram não apresentar a doença e 14,50% relataram já possuir tal patologia. Na aferição da mesma, pôde-se constatar um percentual equivalente a 73,33 de pessoas com pressão arterial normal e 21,33 com valor acima da normalidade (> 120x80 mmHg). Apenas 2,60% dos participantes nunca haviam aferido a pressão arterial.
Para avaliar a questão da obesidade, foi aferido o peso, a altura e calculado o índice de massa corporal (IMC). As pessoas com esse índice acima de 30,00 Kg/m2 são classificadas com quadro de obesidade. Dentre os colaboradores avaliados, 14,67% apresentaram IMC na faixa de obesidade, 34,67% na faixa de sobrepeso, 48,00% enquadraram-se na normalidade (eutrofia) e nenhum colaborador apresentou quadro de desnutrição.
Quando abordados sobre disfunção renal, 89,50% dos entrevistados responderam não apresentar nenhuma disfunção. Dos entrevistados que disseram apresentar alguma disfunção renal (10,50%), a maioria relatou nefrolitíase (3,90%) sendo a alteração mais comum. Outras alterações foram citadas como: cisto e infecção do trato urinário recorrente. De 100%, 97,40% dos participantes já realizaram exame de urina alguma vez.
A maioria dos colaboradores entrevistados (81,60%) relataram não possuir outras comorbidades. Das doenças relatas pelos 18,40% dos entrevistados que disseram possuir alguma patologia, apareceram: arritmia cardíaca (1,30%), artrite (1,30%), dislipidemia (2,60%), hipoglicemia (1,30%), hipotireoidismo (5,20%), insuficiência venosa (1,30%), labirintite (1,30%), lúpus (1,30%), osteoporose (1,30%), lúpus (1,30%), sopro no coração (1,30%), trombose (1,30%).
Foi aplicado um “questionário do Ministério da Saúde”1 para rastreamento de risco cardiovascular e os resultados foram: 50,00% dos entrevistados apresentaram baixo risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, enquanto 9,20% apresentaram alto risco. Os outros 40,80% precisam ser melhor avaliados.
Segundo o “questionário de triagem para doença renal oculta”2 aplicado, 75% dos entrevistados provavelmente não tem uma doença renal no momento e 25% tem uma chance em cinco de ter a doença.
Estes foram os resultados da campanha. E você? Como está o seu peso? Sua pressão arterial? Tem diabetes? Há pessoas com doença renal na família? Já fez exame de urina alguma vez? Você fuma? Tem algum problema no coração ou nos vasos (veias) das pernas? Se respondeu sim para alguma destas perguntas, consulte um médico.
Referências
1 - Caderno de Atenção Primária – Rastreamento. Ministério da Saúde, 2010.
2 - J.M.C., EDSON el at. Tradução, adaptação cultural e validação do questionário Rastreamento da Doença Renal Oculta (Screening For Occult Renal Disease – SCORED) para o português brasileiro, 2012.