08 de março, aniversário da Unidade Nefrológica do HSJD

Publicado em: 08/03/2016 Atualizado em: 08/03/2016 Por: Martielly Raissa

Referência em hemodiálise, unidade de Nefrologia do Hospital São João de Deus completa 26 anos

Em meados da década de 1990, pacientes portadores de doenças renais deslocavam de Divinópolis para Belo Horizonte três vezes por semana. A viagem era desgastante e alguns saiam de casa sem a certeza de voltar. Por muito tempo essa foi a realidade dos pacientes que necessitavam de hemodiálise. A capital mineira era a cidade mais próxima que oferecia o tratamento. Naquela época, Divinópolis estava no vapor do desenvolvimento.  A cidade crescia e a necessidade de ampliar o atendimento hospitalar, também.

Idealizador do HSJD, Irmão Diamantino tinha visão futurista e deu os primeiros passos para que o sonho tornasse realidade: a criação de uma unidade de nefrologia no Hospital São João de Deus. Quem acompanhou de perto foi o médico Sérgio Wyton, que na época fazia residência em nefrologia em Belo Horizonte e vários pacientes haviam lhe pedido para que fosse criada uma unidade em Divinópolis.  “Os pacientes da cidade tinham que ir até quatro vezes em Belo Horizonte para fazer hemodiálise e muita gente me perguntava por que não tinha o equipamento aqui [no HSJD]. Então fizemos contato com o Irmão Diamantino, ele entusiasmou com a ideia, só que não tínhamos recursos, mas naquela época, fizemos acordos para que os equipamentos fossem consignados e também de recursos próprios aferidos pelas atividades”, disse Sérgio.

Começo

Era dia 8 de março de 1990. Dia internacional da mulher, dia de São João de Deus e, também, o primeiro dia de funcionamento da Unidade de Nefrologia. Naquele tempo, muitos eram os desafios, poucos os recursos, mas não faltou disposição e boa vontade. A Ivolina Maria Carneiro sabe disso muito bem.  A auxiliar administrativa trabalha há 25 anos na unidade de nefrologia. “O serviço era manual, não tinha as máquinas de informática, usávamos só máquina de escrever. Antes as máquinas de diálise eram manuais e a gente que preparava a solução com bicarbonato e nós mesmos mexíamos. Nós trabalhávamos como atendente e auxiliávamos na lavagem de materiais e limpeza do ambiente. Não tinha funções designadas, era de acordo com a necessidade do dia.  Hoje está tudo muito avançado, naquela época o esquema era bruto”, revelou.

Isso mesmo, hoje a situação é outra. Máquinas modernas, sistemas informatizados e os dados do paciente a apenas um clique. O tempo passou, a unidade de nefrologia cresceu. Entre os principais atendimentos está a TRS (Terapia Renal Substitutiva), hemodiálise e diálise peritonial. A unidade atende também pacientes da nefropediatria e pacientes internados que fazem acompanhamento da situação renal. Aproximadamente 250 pacientes são atendidos para realizar hemodiálise. Já outras 70 pessoas são submetidos à diálise. No total, mais de 900 pacientes são atendidos gratuitamente, todos os meses, na unidade de nefrologia do HSJD. “Até a década de 1950 e 60, as pessoas cujos rins paravam de funcionar, estavam condenadas a morte, a partir daí, de 1960 em diante, começou a desenvolver uma tecnologia que fazia parcialmente a função dos rins, que era a de filtrar o sangue, umas das principais funções renais. Depois essa tecnologia foi desenvolvendo e aprimorando de tal forma que hoje as pessoas conseguem sobreviver por longos períodos, ou seja, a hemodiálise servia para deixar a pessoa viva. Conheço muitas pessoas que tem 27 anos que se submetem ao tratamento e continuam vivas até hoje”, explicou Sérgio Wyton.

Dedicação

A técnica de enfermagem Eloísa Ferreira da Silva trabalha há 25 anos no Hospital São João de Deus e desde que chegou à instituição, acumula diversas histórias no currículo. “Hoje eu até brinco com as meninas que a gente está no céu. A gente trabalhava em máquinas manuais e tinha toda uma dificuldade. Mas não tínhamos dificuldade. Era amor, é carinho. Hoje nós temos máquinas modernas, mas antes a gente trabalhava numa tensão muito grande. Era tudo sob nossa responsabilidade. Mas eu sempre vou embora com o sentimento de missão cumprida. Principalmente porque ao lado da máquina tem uma vida, igual a minha. Eu faço para o paciente da forma que eu faria para mim. Isso não pesa”, declarou a enfermeira. 

“São 21 anos trabalhando nove horas por dia com quase que as mesmas pessoas, assim você se torna literalmente da família, você sabe o que a pessoa gosta, o que ela não gosta. A gente é tudo irmão aqui. Saio de casa para vir trabalhar com o mesmo amor e empenho que tive no primeiro dia. A recompensa de se trabalhar aqui está muito acima de remuneração, é paixão”, disse sorridente a auxiliar administrativa Edicléia Sonora Pereira.